A ti e para ti...

Neste dia fico sempre sem palavras. Normalmente não te escrevo porque sei que é apenas um acto de mutilação para mim, mas por outro lado, também sei que de alguma forma me " liberto".

Para ti escrevo, de ti que saudades são tantas, desde a última vez em que simplesmente partiste e me deixaste aqui. A vida é dura bem sei, e sempre me ensinaste a olhar para a frente, com a convicção de que amanhã o dia iria ser sempre melhor ao de hoje. Sempre de cabeça erguida, não me esquecendo de olhar a quem passava, às flores que encontrava pelo caminho, e agradecer ao sol por existir. Sei que a pessoa que sou hoje, a ti te devo, pela educação que sempre me deste, não me privando de nada, mas sempre sabendo que em cada acto que tomasse acrescia sempre uma responsabilidade. Responsabilidade maior a de aproveitarmos todos os momentos da nossa vida, e de agradecermos todos os dias pela maravilhosa experiência que é a vida. No entanto é cruel para mim saber que tudo o que se passa na minha vida, não poderei jamais partilhar contigo, que sempre foste a minha referência, o meu melhor amigo. Sabes, que a dor da saudade turva a visão, e a racionalidade para aqui não pode ser chamada.

Já se passaram 8 anos... para mim, foi como se fosse ontem, e ainda hoje guardo em mim o teu último olhar, que sempre me disse muito mais que todas as palavras que poderias usar. E guardo isso em mim, de uma forma preciosa, porque sei que tento todos os dias ser um bocadinho, a pessoa maravilhosa que tu eras. Por isso obrigado por todos os passeios beira Douro, por todas as histórias sempre com uma mensagem, por todos os olhares que partilhamos, e por ter tido o prazer de ter vivido 17 anos a teu lado. Hoje sei que certa forma, vejo e vivo o teu mundo com os teus olhos, como que um refúgio para que possa ter-te a meu lado de algum jeito. E disso não dispenso, porque sei e acredito que estarás sempre aqui, envolto de saudade e de amor.

Obrigado Pai...