quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A minha avó tem 92 anos e apesar da idade continua muito em " bom estado" como costumo dizer. E não pela minha avó, mas a verdade é que sempre respeitei e respeito muito as pessoas mais velhas, idosas. Acho que tem mesmo que se respeitar alguém que já viveu tanto mais que nós, e gosto sempre de ouvir falar das coisas como eram, e aprender a ter aquela serenidade julgo própria da idade. O que é certo é que cada vez menos, os jovens, respeitam estas pessoas mais velhas, acabando muitas vezes por ouvirmos histórias de profunda solidão, onde as pessoas são recambiadas e esquecidas em lares, no meio de desconhecidos que não lhes dizem nada, ou muitas das outras vezes, estão em casa colocadas ao abandono, ao desprezo da família, e morrem ali sozinhas, sem ninguém, e quantas vezes não ouvimos falar de alguém que estava morto há tanto tempo, e ninguém deu pela falta dessa pessoa, sendo um vizinho que através do cheiro nauseabundo se apercebe que jaz ali uma pessoa morta.
Estas coisas causam-me urticária. Não percebo como é possível alguém depois de uma vida inteira, na sua última etapa de vida, não ter ninguém que se preocupe, que queira estar junto dela, e por isso não percebo muitos filhos que dizem não ter tempo, na vida agitada do quotidiano, de cuidar dos pais e por isso ficam ali sozinhos ou num lar sujeitos à sorte. Não entendo, porque o que é certo é que cada vez mais as pessoas se esquecem de onde vieram, de que aquilo que são hoje, foi fruto de muito trabalho, esforço e sacrifício até dos pais, que são hoje isto e aquilo, mas que não podem negar as suas raízes, porque as nossas origens são importantes no desenvolvimento enquanto indivíduos.
No meu caso, e falo em particular, não vejo um dia colocar a minha mãe num lar, porque existem sempre outras opções se as pessoas estiverem dispostas a tal, porque sei que não seria assim que um dia pudesse querer terminar a minha vida, de uma forma tão impessoal. Sei que cada caso é um caso, e também sei que há lares que são sítios verdadeiramente bons para estas pessoas, mas não sou a favor, porque quantos de nós, jovens de agora, damos agora verdadeiramente importância ao nosso " canto" após termos saído da casa dos pais? O que nunca nos podemos esquecer é que colhemos o que semeamos, e que um dia jovens de hoje, seremos os idosos de amanhã.

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